Quando comecei a beber vinho, tinha um tio muito querido e próximo de meus pais. Juntamente com sua teimosia, ele tinha o péssimo hábito de “pregar” a Cabernet Sauvignon como se fosse religião.
Era só o que se bebia. Foi com ele que conheci a rainha das tintas. Talvez pela grande insistência em cima da Cabernet Sauvignon, tive resistência em deixá-la fazer parte dos meus vinhos preferidos por muito tempo.
É um dos vinhos com mais saída comercial em todo o mundo, mas desde então, não um dos meus favoritos. Sabe quando você passa muito tempo comendo feijão com arroz e enjoa? Quase isso.
Mesmo com o promotor da Cabernet Sauvignon dentro de casa, não foi o suficiente para me converter. Nunca foi uma das minhas preferidas.
Na minha opinião, faz um vinho de personalidade forte, e as vezes, até demais. Claro, com exceção dos maravilhosos franceses e de alguns ótimos cortes bordaleses feitos até aqui mesmo, no Brasil. Com Merlot, fica divino.
Conhecendo a Cabernet Sauvignon
Vamos aprender agora quais as características básicas da Cabernet Sauvignon. Seguindo a série dos perfis da principais variedades de uvas viníferas, a de hoje é de longe a variedade mais conhecida das tintas.
Super popular e queridinha dos brasileiros, está presente em todo corredor de vinho de qualquer supermercado nacional.
A cepa é originária de Bordeaux, França. Porém, ela não é uma cepa original. É produto do cruzamento da Cabernet Franc com a Sauvignon Blanc, que aconteceu por acaso por volta do século XVII.
A variedade demonstrava os aromas de cassis e de pimentão verde do Cabernent Franc e aromas também de vegetais, características do Sauvignon Blanc. A origem da variedade foi descoberta no fim dos anos 90, graças a tecnologia de análise de DNA, na Universidade de Davis, Califórnia.
Como fruto, a Cabernet Franc, possui película tinta e sabor herbáceo. Essas características farão parte do vinho Cabernet Sauvignon, assim como muita cor e muita potência.
É da uva Cabernet Sauvignon que vem os varietais finos e de longo envelhecimento (aguentam décadas na adega, se tiverem este propósito), sendo de grande importância em assemblages e blends famosíssimos, como o corte bordalês, originário de Bordeaux, na França.
A Cabernet Sauvignon é a uva mais cultivada no Brasil e apresentada em diversos estilos de vinho. Tem varietal de guarda, jovem, cortes, licorosos e até espumantes!
Quais as Características Básicas da Cabernet Sauvignon?
Seu vinho é de caráter tânico (saiba tudo sobre taninos aqui!), e na região do Médoc, por exemplo, de onde vem os mais famosos Cabernet Sauvignon do Velho Mundo, quando envelhecido em barricas de carvalho novas, o vinho desenvolve aromas complexos, de cedro, especiarias e cassis.
Nos vinhos de Bordeaux, o Cabernet Sauvignon pode representar até três quartos (3/4) do corte, blend, sendo o restante do vinho complementado com Merlot, Petit Verdot e Cabernet Franc.
Nesses blends, o uso da Cabernet Sauvignon, fornece ao vinho estrutura e complexidade, enriquecesse em aromas(frutas negras, violetas, framboesas) , além de também dar maior persistência ao vinho em boca.
E de onde vem o cheiro do pimentão verde!?
Como já falamos da importância do clima, na postagem do terroir, que você pode conferir aqui! Os aromas da variedade estão intimamente ligados à como a videira é cultivada e também seu clima.
E este aroma tão característico da variedade Cabernet Sauvignon, que lembra o pimentão verde ou aromas herbáceos (grama cortada por exemplo), é causado pelas pirazinas que estão na uva.
Geralmente, encontra-se maiores quantidades da pirazina quando as uvas Cabernet Sauvignon são colhidas e vinificadas sem estarem bem maduras, sendo que este cheirinho de pimentão vai sumindo da uva de acordo que a luz do sol vai batendo na uva enquanto ela amadurece.
Dessa forma, quando você compra vinhos Cabernet Sauvignon de regiões frias, é difícil escapar dos aromas herbáceos… Lembrando que este aroma não é um defeito do vinho, apenas nem todo mundo gosta!
Tanto que na Califórnia, anos atrás, essa característica era tão marcante nos vinhos da região de Monterey (região de vento frio) que o vinho de lá chamava-se Monterey Veggie (literalmente légumes de Monterey).
Outros dois aromas também são comuns nos vinhos de Cabernet Sauvignon, como a menta e o eucalipto. No entanto, estes aromas geralmente são de uvas cultivadas em regiões onde há picos de calor durante a maturação, mas que não deixam de ser climas frescos à frio, durante o resto do ano.
As regiões que possuem estas características são: Coonawarra, na Autrália; alguns lugares da costa nordeste dos EUA no estado de Washington; Pauillac e Margaux na França; Napa Valley e Sonoma, também nos Estados Unidos.
Outras características da Cabernet Sauvignon
Outra característica do vinho da uva Cabernet Sauvignon é de sua versatilidade na hora de vinificá-lo, e deixá-lo amadurecer em barris de carvalho.
Pode-se nesse estágio de vinificação, o vinho desenvolver aromas de baunilha, especiarias, café tostado sem perder aroma de cassis, além de aromas como couro e tabaco. Tudo isso pode varias de acordo com a origem da madeira e como ela foi tostada.
Atualmente, algumas vinícolas, não usam a madeira para micro oxigenar o vinho, mas usam para que esta transfira certas características ao produto.
Dentre algumas tecnologias, existe a de uma espécie de saché de chá, que consiste em colocar pedaços de carvalho durante a fermentação ou amadurecimento do vinho em tanques de aço inox.
Este método é mais barato que o uso da barrica, mas nem sempre os aromas ficam bem integrados ao vinho, além de que também não ocorrer outras coisas que acontecem com o vinho na barrica tradicional.
E falando ainda em tradição, o Cabernet Sauvignon é reconhecido por expressar seu máximo potencial nas regiões de Médoc, Pauillac e Graves, em Bordeaux, na França, região onde encontra-se solos quentes e de cascalho-arenoso. É lá que podemos apreciar totalmente as características básicas da Cabernet Sauvignon.
O Cabernet Sauvignon na Toscana
É na Itália, que essa variedade queridinha do mundo do vinho, tem uma história meio controvérsia quando no meio dos anos 70, começou a fazer parte dos vinho super toscanos.
Os super toscanos, deviam sua existência as práticas exigidas pelo DOC (regulamentação de Denominação de Origem Controlada), que eram restritivas às zonas de produção do Chianti, antes dos anos 90.
Os vinhos neste estilo, que poderiam receber o DOC, deveriam possuir no 70% de Sangiovese e pelo menos 10% de variedades brancas regionais.
Contudo, alguns produtores começaram a pensar que poderiam produzir vinhos melhores se não seguissem as regras do DOC, e o não seguir as regras, leia-se usar Cabernet Sauvignon no lugar das variedades brancas locais.
Assim, com o passa de alguns anos, produtores foram abandonando o sistema de Denominação de Origem Controlada, e alcançando preços e também maior reputação de que os vinhos DOC.
Assim, com produtores fazendo na toscana até vinhos varietais de Cabernet Sauvignon, o sistema DOC, depois de alguns anos autorizou o uso da variedade nos vinhos toscanos.
Na região da Toscana, o vinho Cabernet Sauvignon possui aromas de cereja e cassis ao vinho, e um gosto mais adocicado. Atinge alto grau de maturação, média de 14% de álcool, sem perder acidez, o que leva aos produtores buscarem o equilíbrio com a variedade Sangiovese.
E tem Cabernet Sauvignon no Chile também
No Chile, tende-se os vinhedos planos, onde o clima da região é um fator importante, no entanto, quando os vinhedos estão em regiões de montanha, o solo é que se revela como fator mais importante.
Os vinhos da região do Aconcágua, são reconhecidos por serem vinhos carnudos, robustos e que necessitam tempo em garrafa para se desenvolver e evoluir. Na região do Maipo, os vinhos são aromáticos, frutas vermelhas que marcam o terroir da região
Sendo que nas regiões mais quentes, Colchágua e Curicó, as uvas ficam mais maduras, sendo vinhos ricos em aromas adocicados. contudo, são vinhos de baixa acidez e poucos taninos, o que faz com que seja melhor produzir vinhos para serem consumidos jovens.
Os Hermanos não são só Malbec
Na Argentina, a Cabernet Sauvignon está como segunda variedade mais plantada, logo atrás da Malbec, porém, mais vinhas da variedade vem surgindo. Notadamente, o aumento acontece na região do Vale de Uco, em Mendonza.
Os vinhos varietais de lá, são de aromas ligeiros e frutados, bom para consumo jovem. No entanto, quando associada a Malbec, esse corte, produz vinhos tânicos, com notas de tabaco e couro. Sendo que os vinhos de altitude tem obtido grande atenção internacional.
E no Brasil? Tem Cabernet Sauvignon?
Te sim senhor! No país da diversidade, não falta estilo de Cabernet Sauvignon. Tem pra consumo jovem, tem pra ser guardado, tem licoroso para a sobremesa, e como disse antes, tem até espumantes!
Então, ao invés de falar sobre os vinhos daqui, já vou fazer a lista de alguns vinhos que vocês devem conhecer. Os vinhos de altitude, produzidos em Santa Catarina, tem mostrado um Cabernet Sauvignon de personalidade forte, com taninos e acidez marcantes e um vinho de potência na boca.
Além de que se você comprou algum de safra recente, pode guardar por um tempinho, que terá uma boa surpresa!
Dos Vinhos de Altitude, indicamos os varietais:
- Villaggio Grando Cabernet Sauvignon
- Maestrale Cabernet Sauvignon
- Santo Emílio Leopoldo
- Núbio Cabernet Sauvignon
Da Serra Gaúcha, indicamos um vinho varietal, que é extramente redondo e da maior cooperativa vitivinícola do Brasil:
Quanto aos vinhos que levam essa variedade em seu corte, são inúmeros! Mas com certeza, logo podemos preparar uma lista para vocês! E então, gostou de conhecer as características básicas da Cabernet Sauvignon? Conte pra gente nos comentários!
Mas acima eu falei que tinham espumantes também não?! Então, temos o Espumante Cave Pericó Rosé Brut, que tem 70% de Cabernet Sauvignon. Eu conheço só de nome, logo, se você já provou, conta pra gente. Até a próxima!
Prezado Marcos Marcon , vc tem um enorme conhecimento sobre vinhos & afins , por acaso vc possui loja de vinhos online ? Se tiver , me avise e passe o endereço , se não , já pensou na possibilidade hein ??????????
Não tenho Amélia, mas super já pensei na possibilidade. Afinal de contas, a loja está pronta e chama Vem da Uva, né?