Quando o assunto são os aromas do vinho, a conversa pode ficar um tanto quanto polêmica. Há pessoas que simplesmente não acreditam que a gente está sentindo aromas de “frutas vermelhas” ou de “couro”.
Mas eu não posso deixar de entendê-las. Afinal, quantas vezes você já não leu aquelas descrições enormes e super poéticas ou super específicas de um vinho?
Algo como “apresenta notas herbáceas da região ártica do extremo oriente do Afeganistão”. Aí não tem como por credibilidade mesmo, certo?
Até que ponto tudo isso é “esnobe”?
Os aromas e as descrições do vinho não são bobagens. Nós veremos abaixo porque fazemos comparações, como por exemplo, aromas de frutas vermelhas, groselha, tabaco ou tostado.
Porém você precisa ficar esperto e prestar atenção na fonte que está descrevendo o vinho que você está bebendo.
[su_note note_color=”#cf0a00″ text_color=”#f6f6f6″ radius=”10″]CURIOSIDADE
Nenhum aroma é colocado no vinho artificialmente. Não há adição de nenhuma essência ou aroma artificial.[/su_note]
Por exemplo, no famoso aplicativo Vivino, boa parte das reviews são feitas por enófilos recém chegados. Entusiastas da cultura ao redor do vinho.
A coisa pode sair um pouco de mão quando você está muito entusiasmado com o assunto. Então, como confiar na descrição?
Memória olfativa para identificar aromas no vinho
Quando você faz um comparativo como “notas herbáceas de região de clima quente”, você precisa já ter sentido o aroma de “notas herbáceas de região de clima quente” pelo menos uma vez na sua vida.
Esse aroma precisa estar no seu repertório, na sua memória olfativa. É dela que sairão as referência para você descrever os aromas de um vinho.
A verdade é que a gente usa muitas frutas para descrever um vinho.
Sejam as frutas vermelhas, negras (blueberry, cassis), e as vezes, frutas em compotas (já maduras), como se fossem aromas de geleias.
Também tentamos nos aproximar de cheiros comuns, como tabaco, casca de pão e defumados.
Mas tudo isso não é de graça. Ao contrário das cores, que tem nome, aromas e cheiros não vêm com identificação.
É por isso que aparece a necessidade de usar uma referência de aroma no vinho, ou algo mais próximo a isso. Para que possamos nos expressar quando avaliando um vinho.
É como se a gente colocasse todas essas frutinhas clássicas dentro de uma taça de vinho, como na foto ao lado. Cerejas, amoras, mirtilos, morangos.
Mas esses aromas do vinho vem apenas do processo de vinificação de somente uma fruta: a uva. Sim, eles Vem da Uva! #merchan
Como funcionam as associações de aromas no vinho?
O que acontece, então? Fácil, ninguém vai decorar nome de molécula ou elementos químicos.
Imagina você em uma degustação e alguém dizendo “Humm, esse vinho tem aroma de aldeído 2-furfural”.
Não, a gente vai dizer que ele tem aroma de caramelo, e o responsável por isso é a molécula do aldeído 2-furfural.
Ou seja, procuramos um elemento de senso-comum para que os presentes possam entender de forma fácil o que está sendo sentido ali.
E isso também é muito pessoal. Já ouvi gente que sentiu “aromas de cavalo suado”.
Vai entender! Tudo isso porque o olfato é diferente do sentido visual.
Por exemplo, enxergamos uma cor como ela é. Aquela porta é vermelha.
Não diremos que aquela porta tem cor de maçã madura, porque a cor tem nome, é vermelha. O aroma não.
Por isso somos obrigados a puxar pela memória!
Quais os aromas mais comuns nos vinhos
Os vinhos têm aromas primários, secundários e terciários. Cada um deles aparece em um estágio diferente da produção do vinho.
Eles podem ser simples até ficarem mais complexos e terem nuances mais sutis, sendo difíceis de se detectar.
AROMAS PRIMÁRIOS
São os aromas provenientes da uva, da própria fruta. Exemplos:
- Morango;
- Frutas vermelhas;
- Groselha;
- Frutas negras;
- Herbáceo.
AROMAS SECUNDÁRIOS
São aromas provenientes da fermentação e envelhecimento em barris de carvalho. Exemplos:
- Leite;
- Iogurte;
- Fermento;
- Pão;
- Chocolate;
- Tostado.
AROMAS TERCIÁRIOS
Os aromas terciários aparecem com o envelhecimento do vinho na própria garrafa, aparece apenas com o tempo. Exemplos:
- Noz;
- Avelã;
- Flores e frutas secas;
- Frutas em compota, geleias;
- Café;
- Madeira;
- Especiarias (pimenta, cravo).
[su_note note_color=”#cf0a00″ text_color=”#f6f6f6″ radius=”10″]DICA!
Um vinho que tem “bouquet” é um vinho de guarda que ganhou novos aromas com um tempo repousando dentro da garrafa. Sendo assim, um vinho jovem, sem potencial de guarda, não pode ter bouquet. O bouquet está diretamente ligado aos aromas terciários do vinho.[/su_note]
Nem sempre somos culpados pelos selos de enochatos que recebemos. O processo exige bastante, e termos um pouco mais rebuscados podem começar a aparecer.
Se você quiser aprofundar o seu conhecimentos neste assunto, leia nosso artigo sobre Memória Olfativa.
Já sabe, né? Se ficou dúvida, comenta aqui embaixo ou manda e-mail que eu respondo marcos@vemdauva.com.br.
Cheiro de vó é um ótimo exemplo. Não há um nome específico, mas ao falarmos isso, todos nós somos remetidos ao mesmo cheirinho.
É isso aí Alex!!