A Concha y Toro é uma empresa chilena, produtora e exportadora de vinhos que foi fundada em 1883 por Don Melchor de Concha y Toro.

Em algum momento da sua vida, com certeza você já se deparou com algum dos vinhos a seguir:

Todos eles fazem parte da grande lista de marcas que a Concha y Toro detém na indústria do vinho.

E o que eu digo quando me perguntam: “O que achas da Concha y Toro?”, eu geralmente digo que não sou um dos maiores fãs dos vinhos Concha y Toro.

Porém, tenho que dizer que com o passar do tempo tenho mudado um pouco minha resposta.

Posso dizer hoje, primeiramente, que eles são muito “espertos”, e de mercado eles entendem.

Em 2014 a marca alcançou a posição nº1 do ranking “The Most Powerful Wine Brands” como a marca de vinhos mais poderosa do mundo, ranking realizado pela inglesa Intangible Business.

Muitas vezes eu já me referi a Concha y Toro como a “Coca-Cola” do vinho. Porque eles produzem vinho em grandes quantidades, de maneira bastante industrial, e em lugares que convenhamos, não há muitos desafios para que a viticultura vá bem.

Geralmente seus maiores vinhedos já se encontram em regiões onde fatores climáticos, solos, são de fácil manejo, o que só facilita e diminui custos – e que é bom para o mercado. No entanto, talvez por não enfrentar certas intempéries, todo ano o resultado será sempre o mesmo.

Por que eu não sou fã de Concha y Toro?

Para mim que fui “iniciado” no mundo do vinho em uma vinícola boutique, onde a uva e o vinho eram tratados de maneira muito especial, sempre com os melhores equipamentos e técnicas disponíveis, ver alguém falar que achava o Casillero del Diablo um dos melhores vinhos que existem no mercado me parecia um afronte.

Isso acontecia pelo simples motivo de já ter participado de um processo de elaboração e produção. Nós fazíamos o vinho, nós não o “fabricávamos”.

E para mim parecia um afronte alguém tecer tais elogios à um vinho onde ao invés de barricas de carvalho, foram utilizadas outras técnicas mais modernas, que perdem um pouco da característica de elaboração do vinho (como “chips”, técnica que consiste em por pedaços ou lascas de carvalho dentro do tanque de fermentação, como sachês de chá) durante sua “maturação”.

Tudo para diminuir o já pequeno período que esse vinho passaria em uma barrica. Elogios à vinhos que vinham de vinhedos onde “para ter chuva”, bastava irrigar.

Como eu poderia concordar que esse tipo de vinho era melhor do que o vinho que eu conhecia? Onde tentava-se extrair as melhores características da uva (com todas as intempéries possíveis) em cada safra? Onde existia todo o cuidado do mundo durante os processos fermentativos, em recipientes menores, para que, por consequência, um melhor controle fosse possível.

Onde eram empregadas as melhores barricas disponíveis no mercado para que esse vinho pudesse evoluir e assim demonstrar todo o potencial da minha uva? Para mim, aquilo era vinho para ser elogiado.

Em resumo, para mim, a maioria dos vinhos da marca Concha y Toro eram a Coca-Cola do vinho porque eu não teria uma surpresa com esse tipo de vinho. Não existem “safras excepcionais”. Porque o processo industrial aplicado a vinificação impede tal prazer.

Mas o tempo muda e as opiniões também (ou quase)

Contudo, o tempo passa, as pessoas crescem, conhecem mais do mundo e com isso novos pensamentos surgem. Virei fã deles? Não, continuo não sendo.

No entanto, não os vejo mais como um afronte aos produtores dos “vinhos de boutique”, que cuidam do seu vinho como uma criança que tem tudo o que quer. Eu os vejo de outra maneira, como uma grande empresa que soube lidar com o mercado, buscando cada vez mais lucros.

Hoje, qualquer pessoa que compra um bom vinho em uma loja especializada, com certeza já comprou algum vinho chileno na vida. Aliás, qualquer pessoa hoje no Brasil, não muito familiarizada com o universo do vinho, que você pergunte ”quais vinhos tu conhece?”.

A grande maioria vai responder que gosta dos chilenos, ou acha os chilenos os melhores. E tudo bem, afinal de contas, é preciso começar por algum lugar, para poder desenvolver-se.

Modismos que não gosto

O que me preocupa, é que mega grupos como o em questão, tem “ditado” muita “moda” no mundo no vinho. Não é à toa que a Concha y Toro tem grandes prêmios em seu currículo (Marca de Vino más Poderosa del Mundo”, ‘Mejor Compañía Internacional de Vinos y Licores del Año”, etc.)

Não tem um mercado que não tenha nenhum dos seus vinhos à venda.  Contudo, acontece que outros produtores, vendo o sucesso da empresa, e quantas pessoas os produtos deles atingem, também querem uma fatia do sucesso.

Para competir, muitos produtores de vinho passaram a baratear seus custos o máximo possível, e começassem a produzir vinhos menos “autorais” e muito mais comerciais. Vinhos bons, ou vinhos que buscam demonstrar uma identidade mais forte, agora são de “boutique”.

Isso é bom para o mercado de vinhos?

Até onde é melhor fornecer vinhos mais baratos e mais acessíveis para agradar a grande maioria da população ao invés de produzir o melhor vinho possível? Ou produzir vinhos melhores, com custo mais elevado, mas que atinja um grupo menor de pessoas?

Por fim, hoje não vejo o vinho de uma maneira isolada. Não faço mais comparações de vinhos de R$ 20 com vinhos de R$ 200. Na maioria das vezes é uma comparação injusta.

Hoje, quando escolho um vinho, eu tento entender todo o panorama em volta dele, e prefiro comparar com os que estão em pé de “igualdade”, em relação a preço, região e outras características.

Essa é minha opinião para expandirmos um pouco melhor o assunto “vinho”. Porém, nunca esqueça o mais importante: quanto mais vinho, melhor. E se mais barato for, então… Santé!

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