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Vinho sem rolha (tampa de rosca) é ruim?

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Provavelmente você já ouviu falar sobre o duelo entre as tampas de rosca e as famosas rolhas. Afinal de contas, o que é melhor? A tampa de rosca só tira o “charme” de abrir uma garrafa de vinho? Vamos analisar alguns fatos. Mas será que o vinho sem rolha é pior que o vinho com rolha?

A rolha possibilita a micro-oxigenação do vinho, fazendo com que ele evolua com o tempo. Ou seja, o seu vinho vai evoluir mesmo depois que já estiver no mercado, tomando forma e adicionando novos aromas. Os taninos amadurecem, ficam mais redondos e suaves, além de outras mudanças químicas que levam seu vinho ao potencial máximo.

Quando encontramos rolha, significa que o vinho é de melhor qualidade?

Não, não significa. Pelo menos não é algo que você possa afirmar. Atualmente, temos vinhos jovens muito bons com tampas de rosca. O que pode-se pensar é que se a vinícola colocou uma rolha, é porque ela preza mais por aquele vinho. vinho sem rolha É comum encontrarmos dois vinhos da mesma vinícola, o de entrada e algum outro mais sofisticados. O primeiro com tampa de rosca, e o segundo, com rolha.

Por que isso acontece? Porque o segundo vinho, comparado com seu anterior, é de melhor qualidade. Neste caso, analisando todo o contexto, podemos concluir que o segundo vinho é de maior qualidade, o que não tira o mérito do primeiro vinho, em sua proposta.

Quando o vinho é jovem, feito para consumo imediato, sem grande complexidade, ele não poderá ficar por muitos anos guardado, sendo assim, ele não precisa passar pela micro-oxigenação que a rolha possibilita. Este é o argumento de alguns enólogos para a não necessidade da rolha. Vinhos jovens devem ser consumidos, em média, em 3 anos – dependendo da uva.

Outro fator importante a levar em conta é o preço. A tampa de rosca custa para o produtor em média R$ 0,18, enquanto a rolha pode custar até R$ 3 a unidade! Dependendo da cortiça, se maciça ou prensada. Ou seja, a rolha encarece seu vinho!

Mas se o vinho ganhou alguma complexidade durante sua produção, por ser um vinho de maior qualidade, ele merece uma rolha. De forma simplificada, é assim que a vinícola pensa.

Vinho sem rolha, com tampa de rosca, é um golpe de marketing?

Não, não é. Há indícios de que a rolha seja realmente mais interessante para vinhos de guarda, como comentado. Ainda que tudo faça muito sentido, é bom lembrar que o consumidor brasileiro gosta de rolhas e não de tampas de rosca.

Uma pesquisa do IBOPE feita em janeiro desse ano, diz que o consumidor brasileiro, em especial os mais jovens, estão dispostos a pagar entre R$ 13,00 e R$ 15,00 a mais por um vinho cuja rolha seja de cortiça natural. Ou seja, rolhas sintéticas ou de rosca não são bem vindas. Vinho sem rolha? Não.

Interessante, certo?

Pra pensar: Se um Whisky 20 anos de R$ 500 pode ficar fechado com uma tampa de rosca de metal, sem implicar na qualidade do produto, porque uma garrafa de vinho de R$ 20 não pode?

Agora que você já sabe como a rolha influencia realmente no seu vinho, conte pra nós, você prefere vinhos com tampa de rosca ou com rolha? Comente abaixo!

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32 Comentários. Deixe novo

  • Gosto muito de vinhos e sempre adquiro os que tem rolha. Ja tomei vinhos de rosca que ganhei e observei que passo mal depois, diferente do que acontece com os de rolha que sempre me sinto bem!

    Responder
    • Tecnicamente uma coisa nao deveria estar ligada a outra. Vinhos de rosca/screw cap sao vinhos lijeiros, pra serem tomados ainda jovens. Mas nao deveriam causar mais ou menos dor de cabeça que os de rolha…

      Marcos Marcon
      Editor
      Vem da Uva

      Responder
  • Ricardo Alexandre
    24 de nov, 2023 15:41h

    Comecei a me interessar por vinhos recentemente, então não experimentei uma variedade muito grande. Mas todos os vinhos com tampa de rosca, que eu experimentei, tinham um gosto muito forte de vinagre. Então acabei associando o tipo de tampa com o sabor do vinho. Hoje mesmo, ganhei um rosé e a tampa é de rosca, experimentei e é impalatável pra mim, vai ficar como enfeite porque não me desce.

    Responder
    • O que você está percebendo nesses vinhos é um desequilíbrio entre álcool, taninos e acidez. Os mais comuns são o ácido tartárico, o málico, o lático e ainda o cítrico. Eu apostaria no málico ou lático, por serem vinhos extremamente jovens. Se forem brancos, então, a acidez fica ainda mais pronunciada. Já o aroma de ácido acético não deveria ser tão presente. Podem, sim, ser um “defeito” no encontro de leveduras durante a fermentação alcoólica do vinho, alguns textos sugerem que a atividade metabólica das bactérias do ácido láctico e bactérias do ácido acético durante a fermentação podem trazer esse aroma. Mas nota: ele não deveria estar aí e pode ser considerado um defeito.

      Esse tema pode gerar um artigo inteiro! Espero ter ajudado! Ps.: Ele não deve ser atrelado ao dato das screw caps. Ao menos eu não consigo encontrar uma ligação direta como elas sendo causadoras. Posso estar errado!

      Marcos Marcon
      Editor
      Vem da Uva

      Responder
  • JUSSARA FREITAS
    22 de nov, 2022 18:21h

    A pergunta é se o Wiski é feito da uva? Então, sim a rolha tem que ser colocada na garrafa de vinho e não importa o valor o sabor será diferente.

    Responder
  • Adtiana Dias Ferreira
    5 de ago, 2022 19:11h

    Com rolha 😊

    Responder
  • Francis cardoso
    29 de ago, 2020 23:50h

    Goste da matéria!principalmente da comparação “Se um Whisky 20 anos de R$ 500 pode ficar fechado com uma tampa de rosca de metal, sem implicar na qualidade do produto, porque uma garrafa de vinho de R$ 20 não pode?”
    Em geral os vinhos mais caros e de melhor qualidade são de rolha sempre!

    Responder
  • Foi muito muito bom saber sobre a rolha e a rosca!! Gostei da explicação!!

    Responder
  • Rodrigo Lima
    7 de fev, 2020 09:52h

    Marcos, parabéns pela matéria! Eu comprei 4 vinhos em um site de vinho “famoso” e uma das garrafas veio com tampa de rosca…eu achei um absurdo e já ia devolver…, porem decidi entender um pouco mais sobre o tema e procurei sobre o assunto na internet. Achei o seu blog, que esclareceu que, não necessariamente o vinho com tampa de rosca seria um vinho de baixa qualidade. Abri o vinho, experimentei e atendeu a minha expectativa. Muito Obrigado e Parabéns!

    Responder
    • Rodrigo, ler o seu comentário fez meu dia! Ajudar o consumidor de vinho – principalmente os que estão começando nessa aventura – sempre foi o meu objetivo.

      De fato a rolha ou o screw cap pouco dizem sobre a qualidade de um vinho. Podem dizer muito sobre o estilo do mesmo. A tampa de rosca indica um vinho jovem, ligeiro. Vinho que já está pronto pra ser consumido. Um vinho de rolha já pode indicar um vinho que aguenta um pouco mais de tempo antes de ser consumido. Mais uma vez, isso não é regra, mas dão algumas pistas sobre o produto que você está levando pra casa!

      Por exemplo, vinhos descompromissados, pra beber com a galera, podem ser, sim, vinhos com tampas de rosca. Agora, se você quer fazer algo mais rebuscado, talvez uma harmonização. Chances são de que você será mais bem-sucedido em um vinho com rolha. Mas é sempre bom lembrar que não existe lei, regra ou qualquer tipo de “regularização” nesse quesito. Ou seja, podemos especular, mas ter certeza, só depoir de abrir a garrafa!

      Estás no caminho! Sempre digo que a aventura está na coleção de experiências, garrafa após garrafa – inclusive nas que você potencialmente não irá gostar.

      Segue essa linha que esse é o caminho!

      Grande abraço!
      Marcos Marcon.

      Responder
  • Adorei a sua matéria muito interessante! Parabéns sempre quis saber a respeito dos vinhos de rosca e rolha.

    Responder
  • VERA DIVINO
    9 de nov, 2019 15:00h

    Olá Marcos!
    Comprei 2 vinhos italianos iguais de um site que compro há muito tempo. A rolha era sintética e esfarelou toda no abridor. A 1a. caiu tudo dentro da garrafa. A 2a. fez um estrago em tudo que estava em volta. A importadora me reembolsou o valor, mas fiquei cismada com este negócio de rolha sintética. Vc já teve uma experiência assim?

    Responder
    • Nunca, Vera! Por sinal, as sintéticas em teoria deveriam ajudar também nesse processo, de não esfarelar ao tirar (coisa que pode acontecer com vinhos de guarda, por exemplo, quando já tem idade mais avançada). Uma teoria seria esses vinhos terem pego muito calor e a rolha secado totalmente, por isso ter esfarelado. Realmente é um caso curioso!

      As vezes é legal você enviar um e-mail direto pra vinícola perguntando, geralmente eles tem alguma explicação… Um Google Tradutor pode ajudar na tarefa, rs.

      Marcos.

      Responder
  • Olá Marcos, gostaria de comentar sobre a tampa de rolha e tampa de rosca nas garrafas de vinho, Gosto de experimentar vinhos de pequenos fabricantes onde posso degustar os vinhos, não levo em conta o tipo de tampa e acabo comprando aquele que agradou ao meu paladar.Para mim o vinho ruim é ruim com qualquer tampa, já o vinho bom não será o tipo de tampa que o deixará ruim.

    Responder
    • Gosto sempre de firmar que de fato, não é uma regra. Pode existir vinho excelente com tampa de rosca e vinhos ruins com rolha. O que a gente precisa entender é que existem distinções técnicas no uso da tampa de rosca e das rolhas, que é o fato das rolhas possibilitarem a micro-oxigenação em vinhos de guarda – e somente em vinhos de guarda.

      Por exemplo, dedicar uma produção inteira a um vinho de guarda e tampá-lo com tampa de rosca não faria muito sentido, já que o produtor/enólogo planejou aquele vinho desde o momento de plantar as videiras, passando pelo manejo da vinha, colheira e finalmente produção, para que o vinho fosse para a garrafa e continuasse sua evolução.

      Em uma garrafa com tampa de rosca, isso aconteceria de forma muito lenta – ou não aconteceria. Ou seja, um vinho que deveria evoluir com o tempo não evoluiria.

      Essa é a diferença. O uso de rolha ou rosca interfere diretamente na evolução do vinho. O que não quer dizer que um vinho é melhor ou pior que o outro. Apenas de diferentes estilos…

      Espero ter ajudado, Geraldo 🙂

      Marcos.

      Responder
  • Amei suas dicas!! Preciosas!! Gostaria de saber mais sobre o vinho verde. Grata🙏

    Responder
  • Maurilio Deliberali - Alpestre - RS
    24 de jun, 2019 15:32h

    Como é produzido o vinho licoroso, chamado de vinho de missa. Quais as características principais.

    Responder
  • Ederson Freitas
    17 de dez, 2018 16:42h

    Olá Marcos Marcon e equipe! Parabéns pelo excelente trabalho e dedicação em compartilhar conhecimento com ótima qualidade, e principalmente pelo cuidado em apresentar uma linguagem acessível e confortável para a leitura dos diversos artigos!!! Bon courage! Félicitations!

    Responder
    • Merci, Ederson!

      Tentamos ao máximo simplificar o assunto. Esse foi o intuito do início do blog e sempre será nosso guia – simplificar para manter cada vez mais as pessoas perto desse mundo enorme que é o vinho!

      Je vous souhaite de bonnes fêtes! ?

      Responder
  • Ederson Freitas
    17 de dez, 2018 16:39h

    Olá Marcos e equipe! Parabéns pelo excelente trabalho e pela dedicação em trazer tanto material com qualidade e cuidado em apresentar uma linguagem acessível pra quem está iniciando nesse universo realmente fascinante!

    Responder
  • Edilson Benvenutti
    6 de dez, 2018 22:15h

    Comparar destilados com fermentados? Esse site não não parece sério. Abra um whisky e espere ele virar vinagre!

    Responder
    • Ficamos tristes por você não ter gostado de nosso texto, Edilson. O Vem da Uva existe faz 5 anos, e o esforço e constante pra trazer conteúdo de qualidade para nossos visitantes. Somos sérios 🙂

      Muito obrigado pelo seu comentário, ele só nos faz querer ser ainda melhor. <3

      Responder
  • O lance do wisky é um questionamento interessante, acredito que esteja relacionado ao fato do uso da uva que faça o diferencial no vinho.

    Responder
    • Então Alex! Realmente, o vinho e o whisky são bebidas bem diferentes, com estruturas químicas também diferentes. A questão ali era mais no quesito comercial, é interessante a comparação, né? Faz pensar!

      Responder
      • Pra complementar, vinhos licorosos também aguentam muito mais tempo sem perder a característica, o famoso vinho do porto é um bom exemplo. A graduação alcoólica alta e o açúcar funcionam como ‘conservantes’ pro vinho..

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