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Tudo Sobre o Vinho Periquita

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O Vinho Periquita é um dos mais antigos e famosos vinhos de Portugal. Ele é produzido pela famosa e gigante adega José Maria da Fonseca, detentora da marca Periquita.

Este nome peculiar é uma homenagem à quinta onde o vinho começou a ser produzido, chamada de Cova da Periquita. Vamos conhece-lo melhor?

História do Vinho Periquita

Por volta do ano de 1846, seu fundador – José Maria da Fonseca – trouxe uvas Castelão Francês (provavelmente da região de Ribatejo) e iniciou a produção do vinho português que viria a se tornar um dos mais tradicionais e vendidos aqui no Brasil.

Após pouquíssimo tempo, a marca ficou reconhecida como a produtora do melhor vinho, dentro e fora de terras portuguesas.

Por ser encorpado e possuir cor forte, o vinho era resistente a longas viagens e chegava ainda com qualidade acima da média nos destinos.

Sem contar que os vizinhos da propriedade começaram a produzir a casta usada por Fonseca.

O vinho da família Fonseca foi o primeiro tinto a ser engarrafado e rotulado, pois de acordo com o seu criador, era mais difícil sua falsificação e ainda criaria um diferencial para sua marca.

Essa atitude serviu de exemplo para os demais produtores do mercado.

Origem do Vinho Periquita

Periquita é uma das marcas de vinho mais famosas de Portugal e do mundo. E provavelmente um dos primeiros. A primeira garrafa de Periquita já foi vendida em 1850.

Hoje a Periquita ainda é uma marca muito forte com reconhecimento mundial. Mais de 1,5 milhões de garrafas são produzidas anualmente.

O Periquita é feito pela empresa vinícola José Maria da Fonseca, localizada na charmosa vila de Azeitão, na península de Setúbal, ao sul de Lisboa. José Maria da Fonseca fundou a sua empresa em 1834.

Isto significa que a José Maria da Fonseca é a empresa vinícola mais antiga de Portugal para vinhos de mesa (algumas casas de vinho do Porto já existem há mais tempo).

José Maria da Fonseca nasceu na região de Dao em 1804. Foi matemático e também um homem inventivo e com foco no futuro que, em muitos aspectos, o torou um dos pioneiros na indústria vinícola portuguesa.

Ele foi muito meticuloso quando plantou seus vinhedos. Sendo um matemático, ele calculou exatamente como plantar as videiras para maximizar a exposição ao sol das uvas.

Ele aplicou novos métodos de treliça para as videiras. Ele também introduziu uma série de variedades de uvas na península de Setúbal.

O mais famoso deles foi o Castelão, uma uva que ele usou para um vinho que ele fez em uma de suas fazendas chamada Cova da Periquita.

Ele deu o nome Periquita. O vinho foi um sucesso tão imediato que Periquita se tornou sinônimo da uva Castelão. (É também o nome de um pequeno papagaio em português.)

Desde a primeira safra, em 1850, José Maria da Fonseca vendeu seu Periquita em garrafa e não a granel. Isso era muito incomum na época, diz Antonio Soares Franco, que junto com sua irmã e prima é a sétima geração da família proprietária.

“Foi uma garantia de qualidade e uma garantia de origem para seus clientes. José Maria foi, na verdade, um dos primeiros profissionais de marketing do setor de vinhos.”

A José Maria da Fonseca concentrou-se desde o início no mercado de exportação. Ele vendeu Periquita para lugares como São Francisco, São Petersburgo, Cingapura.

O seu doce Moscatel de Setúbal ganhou uma medalha na Exposição Mundial de Paris em 1855.

Esta foi a famosa exposição mundial onde também nasceu a lendária classificação de Bordeaux.

A Fonseca ainda vende a maior parte de sua produção no exterior. É mais famosa fora do que em Portugal. Curioso, não?

E o talento para o marketing persistiu mesmo quando novas gerações assumiram o controle. Em 1944, o Lancers Rosé foi introduzido nos Estados Unidos.

A ideia por trás do Lancers, um vinho despretensioso, fácil de beber, era bem definida.

O que eles queriam era permitir que os soldados americanos que voltaram para casa após a Segunda Guerra Mundial continuassem com o hábito de beber vinho.

Logo, o vinho teve e ainda tem grande sucesso.

A península de Setúbal é famosa também por outra uva, o moscatel. Esta uva é utilizada para um dos vinhos doces mais intrigantes do mundo, o Moscatel de Setúbal.

Ao contrário do espumante moscatel nacional, é um vinho fortificado, na mesma linha do mais famoso Vinho do Porto e do Vinho Madeira.

No entanto, é bem diferente.

Na Fonseca, o fermentador moscatel em tanques de aço inoxidável. Após alguns dias, o álcool neutro é adicionado ao tanque e a fermentação é interrompida, dando um teor alcoólico de cerca de 17% e 120 gramas de açúcar residual.

O vinho fica seis meses nos tanques de aço com as cascas das uvas. As cascas são então removidas e o vinho é transferido para a adega Moscatel.

Aqui, na tranquilidade desta antiga adega, onde a atmosfera parece quase sagrada (ajudada por alto-falantes com monges cantando), o vinho envelhece em barris de carvalho de 500 litros.

Os barris são velhos e não dão aromas ao vinho. O vinho, no entanto, oxidará lentamente e, com o tempo, desenvolverá aromas cada vez mais complexos.

Um Moscatel de Setúbal pode ser bebido jovem.

No mercado agora é a safra 2010 do Alambre Moscatel de Setúbal da Fonseca, com aromas de figos, cítricos e laranja.

Mas o Moscatel envelhece lindamente e o Alambre 20 Años de 20 anos da Fonseca tem uma bela cor âmbar e um sabor suave de damascos secos e nozes.

Antonio diz que os navios portugueses em 1800 trouxeram barris de Moscatel de Setúbal a bordo para vender em todo o mundo.

Alguns destes barris não foram vendidos e foram novamente trazidos para Portugal.

E para surpresa de todos, o vinho nesses barris parecia melhor do que antes. A Fonseca viu uma oportunidade de marketing e vendeu os vinhos como “Return Trip Moscatel”.

Estes vinhos realmente melhoraram? “Sim”, diz Antonio, “tenho certeza que eles tiveram. Nós mesmos fizemos o mesmo experimento. “

Um dos melhores argumentos de Marketing do mundo do vinho

Em 2000 eles enviaram a vindima de 1984 em barris em uma viagem marítima. Alguns barris foram enviados para os Estados Unidos e alguns cruzaram o Equador e foram para o Brasil.

Quando os navios voltaram, os vinhos nos barris foram degustados às cegas e comparados com o vinho dos barris que ficaram em casa.

E o resultado da prova cega era incontestável: os vinhos que tinham viajado eram os melhores.

Por quê? Antonio acha que pode ser por causa da variação nas temperaturas a que o vinho foi exposto. Também a umidade varia e cruzar o Equador também pode afetar os vinhos de alguma forma.

Estes vinhos bem viajados ainda estão em seus barris e continuam a envelhecer na adega Fonseca. “Caberá à próxima geração decidir o que fazer com eles”, diz Antonio.

Na bela adega Periquita de Fonseca, em Azeitão, mais de um milhão de litros de vinho repousam em antigas cubas grandes, cada uma com cerca de 20.000 litros de vinho.

A maioria tem mais de 50 anos. Alguns pequenos barris de carvalho também podem ser vistos.

Periquita fica aqui na adega por cerca de seis meses antes de o vinho ser engarrafado e lançado no mercado.

Periquita Original (10-11 USD) foi inicialmente feito com 100% de uvas Castelão. Agora esta uva é misturada com Trincadeira e Aragones.

As proporções variam de safra para safra. O Periquita Reserva era anteriormente o mesmo vinho que o Periquita mas com um envelhecimento mais longo. Mas há alguns anos atrás, a Fonseca decidiu dar à Reserva um estilo diferente e o vinho foi relançado.

Hoje Periquita Reserva é uma mistura de Castelão, Touriga Nacional e Touriga Franca. Permanece 8 meses em barricas novas e usadas de carvalho francês e americano.

Quem está por trás dos Vinhos Periquita?

A Fonseca é um dos maiores produtores de vinho de Portugal. Para além da península de Setúbal, a família possui vinhas no Alentejo e no Vale do Douro.

Os vinhos de volume, Periquita e Lancers, são, naturalmente, o núcleo do negócio, mas a família também faz uma série de vinhos interessantes na classe premium e super-premium.

E o enólogo Domingos Soares Franco (tio de Antonio) gosta de experimentar.

Na herdade de José de Sousa, no Alentejo, por exemplo, fermenta e envelhece os vinhos em grandes ânforas de barro. De fato, eles fazem mais de 40 vinhos diferentes no total.

Alguns vinhos são feitos de forma mais tradicional. As uvas para a alta qualidade Hexagon são pisadas em lagares na verdadeira moda portuguesa. As uvas são a Trincadeira, a Touriga Nacional, a Touriga Francesa, a Tinto Cao, a Syrah e a Tannat.

O vinho passa 12 meses em barricas novas de carvalho francês e depois de muito tempo em garrafa.

A safra atualmente vendendo é a de 2008. A Hexagon branca é feita em pouco mais de 3.000 garrafas, mas vale a pena ficar olhando (40 USD). As uvas são Alvarinho, Verdelho, Viosinho e Antão Vaz.

Eles também fazem uma interessante série “experimental” sob o rótulo Colecçao Privada Domingos Soares Franco, onde o enólogo Domingos experimenta novas e incomuns misturas.

Um vinho particularmente interessante nesta gama é o rótulo Touriga Francesa, em homenagem à variedade de uva, com apenas um toque de Moscatel tinto, infelizmente feito apenas em pequenas quantidades.

Outro vinho invulgar nesta gama é o floral Colecção Privado Moscatel tinto rosé, onde a Domingos utiliza 100% da incomum uva Moscatel tinto. Algumas horas de contato com a pele dão ao vinho uma bela cor rosa pálido. Uma bebida linda para o verão.

Elaboração do Vinho Periquita

Era originalmente produzido com uvas de apenas uma casta, a Castelão Francês, mas à partir do ano 2000, enólogos atentos ao paladar do seu público mais exigente, acrescentou à produção do vinho mais duas.

Elas eram a Trincadeira e Aragonês. O principal propósito era deixá-lo mais leve, jovem e assim, mais fácil de beber.

Hoje em dia, a vinícola situa-se na região de Península de Setúbal, onde o vinho é produzido.

As uvas e as vinhas são cultivadas em solos arenoso e argilo-calcário, segundo o proprietário Domingo Soares Franco e seu irmão, que fazem parte da sexta geração da família a produzir a Periquita.

Eles dizem ainda que “O solo arenoso traz mais cor e estrutura à uva; o argilo-calcário, mais produz mais fruta e garante acidez. É preciso mesclar os dois”.

Características do Vinho Periquita

Esse vinho pode ser considerado simples, honesto e saboroso; possui corpo médio e cor rubi vivo, deve ser preferencialmente consumido jovem, mas tem a longevidade de até 5 anos.

Conta com suave aroma de frutas vermelhas como morango, groselha e amora, notas de baunilha além de um delicado toque amadeirado.

Inicialmente, a vinícola produzia apenas o vinho Periquita tinto, que é chamado de original ou tradicional.

Porém, novamente tentando abranger um maior número de apreciadores e ainda renovar a marca, os enólogos criaram as versões, como o Periquita branco, rosé e tinto reserva.

O Periquita branco foi produzido para ser distribuído apenas na Suécia, mas acabou entrando no gosto do brasileiro também, e por esse motivo, a vinícola criou uma versão exclusiva para o nosso país.

O que foi designado para venda na Suécia é menos doce e mais ácido do que o fabricado para comercialização aqui – o que para os especialistas é somente para melhor se adaptar ao paladar de cada consumidor.

Alguns Vinho Conhecidos

Vinho Periquita Original 2014

Região: Península de Setúbal
Solo: arenoso (95%) e argilo-calcário (5%)
Produção: 1.250.000 litros
Uva: Castelão (46%), Trincadeira (40%) e Aragonês (14%)
Envelhecimento: 6 meses em carvalho francês e americano
Preço: R$ 40 a R$ 50

Vinho Periquita Branco 2014

Região: Península de Setúbal
Solo: arenoso
Produção: 134.000 litros
Uva: Verdelho (50%), Viosinho (26%) e Viognier (24%)
Curiosidade: Teve a primeira colheita em 2004 para o mercado Sueco, e no ano seguinte chegou ao Brasil; em Portugal foi lançado em 2006.
Preço: R$ 60 (aproximadamente)

Vinho Periquita Rosé 2014

Região: Península de Setúbal
Solo: arenoso
Produção: 70.000 litros
Uva: Castelão (50%), Aragonês (32%) e Trincadeira (18%)
Curiosidade: teve sua primeira colheita no ano de 2007, destinado para om público mais jovem.

Vinho Periquita Tinto Reserva 2013

Região: Península de Setúbal
Solo: arenoso
Produção: 1.100.000 litros
Uva: Castelão (52%), Touriga Nacional (33%) e Touriga Francesa (15%)
Envelhecimento: 8 meses em madeira de carvalho francês e americano
Preço: R$ 54

Vinho Periquita Tinto Superyor

Região: Península de Setúbal
Solo: arenoso
Produção: 2.200 litros
Uva: Castelão (94%), Cabernet Sauvignon (4%) e Tinta Francisca (2%)
Envelhecimento: 14 meses em barris novos de carvalho francês.

Confraria Periquita

No ano de 1993, exatamente no dia 31 de maio – data do aniversário de José Maria da Fonseca, foi criada a Confraria, que reúne as pessoas que mais colaboraram e têm colaborado para o sucesso da marca.

Para participar desse seleto grupo não basta querer; é necessário primeiro receber um convite.

O Brasil conta com alguns confrades, e dentre eles temos duas mulheres, Fafá de Belém e Hebe Camargo, que já declararam abertamente que o Periquita era seu vinho favorito.

Você é um fã do Vinho Periquita? Há quanto tempo não degusta um? Quando isso acontecer, aproveite a oportunidade para contar nos comentários abaixo como foi sua experiência.

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5 Comentários. Deixe novo

  • Não experimentei ainda mais depois dessas história toda sobre o vinho Periquita, assim que eu achar vou comprar com toda certeza !!!

    Responder
  • Angélica cordeiro
    2 de nov, 2021 14:34h

    Muito interessada em

    Responder
  • Simone Teles
    29 de abr, 2021 22:06h

    Eu adoro esse vinho! Conheço a mais de 10 anos! Meu marido gosta do vinho mas prefere a cerveja, hoje comprei uma garrafa e abri enquanto fazia o jantar, ele veio todo animado para o meu vinho disse a ele “ não, não vá tomar sua cerveja “ risos!!!

    Responder
  • Eliane Guazzelli
    10 de dez, 2020 21:45h

    Sem sombra de dúvidas e o melhor vinho que já experimentei e o meu vinho favorito
    Gostaria muito de fazer parte dessa história

    Responder
  • Tive o privilégio de fazer uma visita e conhecer a história e as Caves da Piriquita. Recomendo. Sucesso e Felicidades pra todos.

    Responder

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